Você já parou pra pensar como você é no seu ambiente de trabalho? Que tipo de profissional você é?

Neste artigo vou te propor uma auto-reflexão. Vou descrever três tipos de trabalhadores e no final irei te perguntar qual o perfil que melhor te descreve. Esses perfis pertencem a momentos históricos diferentes, mas, ainda assim é possível que algumas pessoas ainda possuam esses traços culturais.

Antes de mais nada é importante fazer uma contextualização histórica do significado da palavra trabalho, para entendermos um pouco como se deu a evolução histórica do homem trabalhador.

Do ponto de vista histórico e etimológico, a palavra trabalho surgiu em um contexto desagradável, pois, remete a dor, castigo, tortura. Ou seja, a palavra trabalho tem origem do latim: Tripalium que significa tri (três) palus (paus).

No início era um instrumento utilizado na lavoura para forçar os animais a fazer o trabalho pesado no campo. Na idade média surgiram novas expressões em outras línguas como trabalho (em português), travail (em francês), trebajo (em catalão), trabajo (em espanhol), travaglio (em italiano, sendo associado ao trabalho de parto), todas derivadas da palavra em latim misturadas com o dialeto bárbaro. O termo trabalho escravo também surgiu nesse contexto, onde o escravo era obrigado a produzir a riqueza dos nobres sob a forma de tortura ou trabalho pesado.

Com o passar dos anos, toda atividade que exigia um esforço físico para ser executada também passou a ser chamada de trabalho. A sociedade, na idade média, era então dividida em três categorias: os bellatores, que eram os cavaleiros que deram origem à nobreza; os oratores, que eram os sacerdotes ou homens de orações da igreja; e os laboratores que eram os camponeses ou trabalhadores do campo.

A propósito, o trabalho no campo em inglês se chama Labor e em italiano Lavoro. Esses termos tinham um significado diferente em relação ao trabalho, como instrumento de tortura, mas, com a evolução dos centros urbanos, sobretudo com o surgimento do comércio os laboratores passaram a ter suas funções mais valorizadas, do ponto de vista econômico.

Vamos então diferenciar esses trabalhadores, como forma de contextualizar o objetivo deste artigo.

Nos tempos antigos, a escravidão era a maneira mais fácil de garantir o suprimento dos cavaleiros, guerreiros ou bárbaros. Ou seja, forçar os povos mais fracos ao trabalho ou submetê-los a torturas era a maneira encontrada de gastar menos energia e se prepararem para as grandes batalhas e conquistas de territórios. Os líderes desses exércitos foram enriquecendo com suas conquistas e adquirindo posses e títulos de nobreza, com isso, outras funções de trabalhadores foram surgindo para atender às necessidades da nobreza.

A ama, o bestiário, o canteiro, o cocheiro e o trabalhador braçal são exemplos de funções destinadas a servir a nobreza e ao reino. Normalmente serviçais, escravos destinados a cuidar, entreter ou à execução de trabalhos pesados.

Os camponeses, ferreiros, artesãos, cozinheiros, cocheiros dentre outras várias funções que surgiram com o objetivo de servir à nobreza, passaram a ter maior importância com o passar dos anos e esses trabalhadores também começaram a receber recompensas pelos seus serviços.

Outras funções como o arquiteto ou engenheiro, o causídico ou advogado, o barbeiro-cirurgião, o mascate e o taverneiro são exemplos de funções empreendedoras e algumas delas sobrevivem até hoje com definições diferentes das originais. São funções cujos serviços são mais especializados e fundamentais para a nobreza, por isso são mais caros e mais bem recompensados.

Ou seja, com o passar dos anos, o trabalho e o labor deixaram de ter significados distintos para se tornarem sinônimos. Com base no contexto acima, seguem abaixo os três tipos de trabalhadores cujos perfis se assemelham com algumas das funções listadas acima:

O primeiro tipo de trabalhador que podemos destacar é o servo, aquele que trabalha por que é obrigado em troca de sua sobrevivência. É aquela pessoa que foi subjugada única e exclusivamente para servir ao seu dominador. Faz suas atividades, não porque gosta e sim porque é obrigado a fazer. Contenta-se com as migalhas que lhe são oferecidas e não questiona para não ser considerado um rebelde ou por medo de sofrer punições. Geralmente possui baixa autoestima e se permite ser controlado sem questionar.

O segundo tipo de trabalhador é o esforçado, ou seja, é aquele que trabalha não somente para sobreviver, mas, também para aprender coisas novas e buscar aprimorar-se cada vez mais na sua função para ganhar a confiança de seu empregador e conquistar novas oportunidades de trabalhos. Esse trabalhador tem por objetivo ser melhor recompensado e se desenvolver cada vez mais, pois, à medida que sua técnica evolui e seu conhecimento é aprimorado seu trabalho é mais valorizado.

O terceiro tipo de trabalhador é o empreendedor, aquele que possui algum tipo de talento ou habilidade especial ou mesmo uma mentalidade de crescimento e autodesenvolvimento mais aguçada. Mesmo que, em alguns momentos de sua vida, também faça seu trabalho por obrigação e para sobreviver, ele também pode usar essa habilidade para empreender. Esse tipo de trabalhador tende a chegar mais longe, pois, encara seu trabalho como um negócio que precisa ser gerido de forma sustentável a gerar cada vez mais resultado. Ao fazer isso, ele aumenta a possibilidade de ser melhor recompensado pelo resultado produzido. Em alguns casos, esse tipo de profissional também busca desenvolver projetos alternativos, de forma a não ficar totalmente dependente de uma única fonte de renda, por isso, tende a crescer com mais consistência no médio e longo prazo.

Então, com qual desses três tipos de trabalhador você se identifica mais? Faça sua auto-reflexão. Está tudo bem se você se enxerga de um jeito e de repente tem a sensação de que quem você é ou como você se enxerga não é bem quem você gostaria ser. Ou, mesmo enxergando que um ou outro tipo é o ideal, isso não reflete verdadeiramente a vontade do seu próprio eu. Você não é obrigado a mudar, mas, é importante conhecer as diferenças e lidar com suas escolhas.

Pode ser que eu tenha simplificado bastante, resumindo os tipos de trabalhadores em apenas três categorias, mas, o intuito foi te fazer refletir sobre a evolução conceito de trabalhador desde os primórdios da civilização até os dias atuais.

O importante é entender que hoje podemos ser o que quisermos, basta que para isso tenhamos disciplina e determinação para alcançarmos nossos objetivos. Faça sua escolha e não tenha medo de errar. Somente evoluímos quando nos permitimos errar, mesmo que a intenção seja a de acertar. 

Se você gostou deste artigo, deixe seus comentários abaixo e aproveite para curtir e compartilhar com outros profissionais de Suprimentos e Compras.

Forte abraço!